Fiz
essa fotografia para uma matéria do Informativo Popular, de julho de
2003.
A
senhora da direita faleceu há alguns anos. Chamava-se Maria
Rasveiler Junkes. Foi parteira e enfermeira. A da esquerda é Maria
Felizita Prim, sua empregada.
A
relação de trabalho transformou-se numa parceria de toda a vida.
Juntas fizeram os partos de pelo menos toda uma geração, em São
Pedro de Alcântara.
Permaneceram
sempre solteiras.
Na
entrevista em 2003, a Sra. M. Junkes disse que jamais poderia
dedicar-se a seu trabalho, se tivesse marido e filhos.
O
fato é que, além de fazer partos em domicílio, ambas moravam no
local de trabalho. Internavam parturientes e até doentes, pois não
havia outra forma de atendimento na região.
Contaram
que os bebês costumavam nascer à noite e elas chegavam a passar
semanas sem dormir direito.
Mas
hoje, já com 74 anos de idade, a Sra. Felizita faz até faxinas para
pagar suas contas.
Está
claro que ela dependia da renda da patroa para viver, comprar
remédios, etc. Ela sempre teve problemas de saúde, apesar de sempre
enfrentar trabalho pesado.
Acho
absolutamente injusto que as uniões estáveis permitam usufruir de
pensões e aposentadorias, enquanto esse tipo de parceria deixa os
dependentes sem proteção alguma.
Por
que alguém que estabelece uma relação de dependência financeira
com pessoa com a qual tem relações íntimas deve ser tratado com
maior consideração que outra que serve a patroa e toda a sua cidade
por décadas de sua vida?
Talvez
essa história possa servir como referência para que o assunto seja
tratado no âmbito da parceria civil, sem questionar as relações
íntimas, de modo que se faça justiça a essas pessoas, sem deixar
margem para os que gostam de escandalizar-se com assuntos alheios.
Hoje
as pessoas de São Pedro de Alcântara que têm alguma consciência
da história da Felizita sentem-se devedores, pois ela não recebe da
Previdência Social o que deveria para ter uma velhice tranquila.
Entendo
que isso é injusto com todos que pagam impostos e contribuem com a
Previdência Social, pois esta deveria responsabilizar-se por essa
conta.
Então
todos nós brasileiros deveríamos abraçar essa causa e lutar para
que as parcerias civis sejam reconhecidas, sem importar a preferência
sexual das pessoas e sem questionar as relações íntimas. Para que
o Previdência Social faça sua parte, transferindo a renda de
pensões e aposentadorias a todos que estabelecem esse tipo de
dependência financeira.
Por
outro lado, fico chocada quando vejo pessoas que se dizem evangélicas
combatendo essa luta.
Pois
Jesus Cristo deixou sua mãe aos cuidados de um discípulo mais
próximo. Não a deixou aos cuidados de seus parentes, João 19,
26-27: “Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado,
disse: mulher eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí
tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a tomou para casa.”
Pior
ainda é ouvir dizer que ninguém nasce homossexual. Pois a Bíblia
ainda mostra que Jesus Cristo reconheceu esse fato e exaltou essa
condição, em Mateus 19, 12: “Porque há eunucos de
nascença, a outros a quem os homens fizeram tais; e a há os que a
si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é
apto para admitir, admita.”
O
Apocalipse 14,4 também trata a castidade dos homens como uma
importante qualidade: “...São estes os que não se macularam com
mulheres, porque são castos...”
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